Poemas de amor

CHOSES DE L'AMOUR

Falas por idiomas desconhecidos
Embora saibas o que explanas,
e plaina a águia, vôo premeditado.
A presa exposta, sinto-me indefesa.
Decifrar teu segredo dá-me medo.
Enigmas abundam na cartola,
o mágico poder de encantar,
de apoderar-se da alma.
Rodin aponta os portões do
paraíso.
Entregar-me ou partir sem saber
os efeitos que causariam em minha
mente, em meu corpo uma noite
de prazer?
E falas coisas que não entendo mas
quero ouvir.
De saber-me casta já me esqueci....

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Apenas um café!

Digitais anseio-as na minha pele
Nas linhas das mãos busco equilíbrio
Nos montes deslizo minha verve
Unhas esmaltadas com o jornal diário

E tu olhas o tráfego, a televisão
Milhões de programas se alocam
Na mente, neurônios em convulsão
_Um café! Gritamos juntos e nos olham

Abro então meu Charles Baudelaire
Metáforas escapam por entre os dedos
Emoções nascidas nos cabelos com laquê

E porque, pergunto eu?_ Demoraste tanto!
Aflita esperava o toque das tuas mãos
Nas meias de seda que traduz o encanto!

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SECRETÁRIA DO FUTURO

Vou desconfigurar meus
Pudores.
Na tela do meu computador
Surgirá uma nova fantasia.

Nua, caminharei pelas
Ruas,
Esquecendo a mulher
Que já fui um dia.
Um chip usado!

Deletarei todos os arquivos
Ocultos e temporários,
Aumentando a potência dos
Desejos enrustidos.

Libertos os anseios, on-line
Há de me chegar um homem
Ousado, trazendo-me uma rosa
E me convidando a dançar um
Bolero.
Neste momento a conexão com
O passado será desligado e o
The end será reservado.

Programa criado para iludir-me,
Sair desta rotina,
Da sala de um escritório onde só
Computam-se dados de uma vida
Vazia.

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QUEM É VOCÊ?

Embarcações partem todos os dias
E com elas mastros e velas,
Solitários ao vento, meus pensamentos.
Nas águas revoltas, torvelinhos.
Um mistério submerge,
Quem é você?

Por entre espumas brancas tua face,
Rosa pálida. Expressão de santa ou
De gueixa.
Pedra gelada, marmorizada.
Um anjo, mulher da vida ou donzela?

Para ela não encontro a rima
E sinto-me perdido ante o reflexo de
teus olhos a confundirem-se com os
pelos e cabelos.
Mistura de amor e medo,
A pesar em meu peito, sem decifrar-te
O segredo!

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PROPOSTA

Haverás de suspirar por amores
Olvida-te das perdas, das feridas
A faca é afiada provocou-te cicatrizes
E tua alma está tão condoída

A solidão tua terrível inimiga
Há de fazer as malas, está de partida
Muito próximo está o desfecho de tua sina
Permita que ela se vá, dá-lhe alforria

Cá estou pedindo que aceites
Este regalo, meu coração sem limites
Que o ama e a ti pede guarida

A proposta foi escrita, manuscrita
Testemunham o tinteiro e a pena
Que rubricam o pergaminho da vida!

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ABSOLUTA

Flores a exalar aromas, ênfase de meu poema.
Alva manhã, branca pomba.
Luzes e velas, oferenda à mais bela.
Fascínio e alegria deste homem que te ama.

Senhora dos meus sentimentos
Sou de ti e para ti um instrumento
Usa-me, não faço objeção.
A saciar minha louca paixão

Desejo incontido por absorver teu corpo
Arrancar-te as roupas,
Jogá-la em meu leito,
Envolver-me em teus cabelos
E feito meliante roubar-te os beijos.

Preciso e ti como a noite precisa da lua.
Brilho de minha alma,
Que me faz delirar,
Quando estás totalmente nua!

Afloras e flutua em meus pensamentos
Como acordes da mais louca canção.
Sou teu poeta desvairado,
Tolo apaixonado
E tu és dona absoluta do meu coração!

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SENTIMENTOS

Vai-se mais um janeiro
De dias incessantes.
Não há como detê-los.
A fluir no incerto,
Vão meus sentimentos.
Ontem instigantes e eis
Um incauto.
Foi tudo impreciso.
O flautear de noites
Enluaradas, cantigas
Melancólicas, sem
Versos nem prosa.
Foi ambíguo, alquebrado.
Quão afável poderia ter sido,
Alteroso, ritmado,
Num compasso acelerado,
Rompendo o vento...
Descortinando o tempo
E a ti novamente encontrar.

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ROSA VERMELHA

Rosa vermelha, inquieta.
Surges vestida de festa,
Linda.
Dançando esta melodia
Lasciva.
Meus olhos presos ao laço,
Fita de cetim carmim,
Deitada sobre tuas madeixas.
Ouça minhas queixas.
Vem repousar no meu peito.
Desvelar-te iria,
Abelha rainha!
De teu mel saciar-me-ia.
No afã de possuí-la romperia
As barreiras entre
Ansiedade e deleite.
Roçaria este corpo perfeito,
Soltaria o nó deste enfeite.
Fita que me atiça!
Rosa predileta,
A mais bela de meu jardim,
Não me olhes assim...
Não quero que notem
Que danças para mim!

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MARÍLIA

Amada minha, este pássaro
De asas podadas jaz
Enclausurado.
Um martírio de paredes
Frias,
Em exéquias vão-se
Os dias.
Meu idílio,
Tua imagem reflete
E ilumina minha alma
Solitária.
Um acalento.
Plebeu que da princesa
Não esquece,
Mas padece.
Sofro por não poder
Sequer segurar tua
Mão.
Hei de conformar-me
Com a alucinação.
O imaginar de tua
Imagem.
Posto que assim possuído
Por tal miragem,
Tenho coragem.
Marília meu anjo
Protetor,
Por ti olvido-me
Da dor.
Peço não esqueças
És venerada.
Esvai-se aos poucos
Minha mocidade,
Mas te amarei por
Toda eternidade.

Dirceu

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DEVANEIOS DE UMA ROSA

Vês as flores olorosas em meu jardim?
Mantenho a primavera em meu olhar
Rosa sou a castidade vive em mim.
Procuro-te poeta, fausto, para bem amar.

E chegas de mansinho tal passarinho
Fita-me por um tempo. Finjo não ver...
Aninha-se em minhas pétalas com carinho
E Murmura palavras que nem sei dizer

Sem ter como abrandar o rubor do rosto
Receosa por melindrá-lo com meus espinhos
Rendo-me ao galante cavalheiro com gosto
Retribuo então com beijos e infindos carinhos

A inocência prevalece até que anjos ouçam a prece
De manter-me em botão desejado, imaculada.
Pois dia virá que não vou conter o que me apetece
Desabrochada então, serei mulher invejada!

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