Poemas sociais

FOME

Rufam os tambores,
Baixem o manto negro.
Da África o apelo, povo
Oprimido, sofrido.
Estomago vazio.

O brilho no olhar ficou
Perdido, distante.
Semblante da dor,
Miséria, doença.

Crianças adultas,
Sem alegria
Brincam de viver.
Duelo que travam
Para sobreviver.

Mais forte rompe
O atabaque, dia-a-dia
De agonia.

Sem o pão a barriga
Aumenta,
O corpo encolhe
E a cabeça...Baixa...

Não crescem as
Esperanças,
Sorrisos amargos,
Sem sal,
Sem açúcar.
Amanhã é dúvida!

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P O D E R

No céu um avião desliza.
Pássaro alado do imaginário
Instante.
Vem rápido, vôo rasante.

Aflitos os girassóis no
Campo debatem-se e as
Borboletas perdem as asas.

Rotina e dias confusos e
Oblíquos.
Tentativa de sobrevivência,
Não obstante de lutas.

Mas o que fazer se os grandes
Passam demolindo as pequenas
Criaturas.
As pétalas arremessadas,
Vão-se os pedaços da alma.


E as raízes expostas pedem
Apenas misericórdia,
mais um dia de vida!



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O SENHOR DA GUERRA

Queres deter o colérico vendaval
Tão vetusto por estas cercanias?
A zurzir parece imitação do mal
Naquele coração reina tirania

Pensas embainhar branca adaga?
Tolo, o medo é uma faca afiada,
Impulsiona á defesa, mais nada

Mas tu vives da desgraça
Tens por certo o dom da obliteração
Agrada-te ver os sonhos num caixão

Um dia pisarei sobre tua carcaça
Fim á farsa, as cinzas não irão ao vento
Lamento, ele não é merecedor de excremento!

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Quem aprisionou os passarinhos?

Tão sentida minha mágoa.
Quem aprisionou os passarinhos?
De o meu humilde olhar rolam águas.
Vazios e solitários ficaram os ninhos.
O sabiá cabisbaixo já não canta.
E uma faixa em meio á mata anuncia:
_Bem vindos! Preservem a natureza!
Tanta polidez e a verdade não se denunciam.
Aqui no meu sertão vive a devastação.
Já não tem arara azul, mico leão...
Aparece de repente “uns cabras” da cidade (gente
sem coração), leva os bichinhos ainda
Recém nascidos e se vão...
Se os pobrezinhos chegam vivos sei não.
No começo pensei que estava surdo, depois
senti que o silêncio era tão doído, motivo
que me fez deixar a enxada, tudo!
Sentado num barranco só faço chorar.
Quem aprisionou os passarinhos?

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CHUVA SAGRADA

No quintal arqueado um pé de
Juazeiro jaz.
Nesta seca, um fruto maduro é
Recompensa para um nordestino
Tão sofrido.
Olha para o céu e num sussurro
Entristecido, lembra-se de que
É o último...
Como ele o pé de juá exausto está.
Resta pouco desta terra ressequida,
Mas há esperança fincada ali.
Amanhã talvez, quiçá,
Ao romper da luz divina, o sertanejo
Desperte com o cheiro da chuva
Sagrada que se aproxima...
Abraçado ao pé de juazeiro, vai
Humildemente agradecido,
Viver no paraíso!

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