SOLIDÃO MALDITA
Afasta-te vento estás a zunir.
Rituais macabros, agourentos.
Basta-me o desespero, chega de zurzir.
Vás para longe, azarento.
Lôbrego caminho. Estou gelada, morta..
Expus as vísceras, dilacerei o coração.
Por ti fui vencida, solidão maldita.
Mataste em meu peito toda a paixão.
Estás realizado, obtiveste teu intento.
A apodrecer está o sentimento
Sepultado vivo sem caixão.
Envenenei-me com um copo de martírio
Vítima fatal do suicídio
Vagarei sem rumo na escuridão.
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O BOSQUE (2008)
Folhas secas soltas
Ao vento, vítimas de
Um eterno inverno.
Sussurros nos ouvidos,
Lamento dos troncos
Negros, habitar dos
Morcegos e dos
Pensamentos obscuros.
Estaria viva a criatura?
Face branca similar ao
Vestido de núpcias.
Nos longos cabelos
Flores artificiais e no
No alto amparando o
Cérebro, uma coroa de
Madrepérolas.
Seria um anjo que ao
Ensaiar um vôo se
Perdera na neblina?
Solidão atroz da poesia,
O amor foi o algoz,
Matou a rima,
A fantasia.
A inocência, o sorriso
Angelical, jaz agora no
Bosque das ilusões perdidas!
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O BOSQUE (1998)
Não havia luz apenas neblina fria.
Caminhar por entre as altas árvores
Na escuridão da noite, um encanto.
Pássaros noturnos, corujas, corvos e
Os belos morcegos.
Ao longe se ouvia uma canção
Sombria, o uivar dos ventos, chamando
Para o encontro.
Não havia pranto nem lamento, os
Olhos brilhavam como estrelas,
Não se detinham para a fileira que
Faziam os mortos a
Observarem a minha chegada.
O bosque já me esperava, estava ali pronto
Para ser a minha última morada.
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GUERRA DOS SENTIDOS
Um punhal apontado para o pescoço
Rasga-me, corta-me! Dói a agonia.
Não grito nem me debato, não ouço
Inerme, sangue gelado - tirania -
Há guerra nos sentidos, convulsões
Um querer querendo libertar-se
O não insistindo em vãs razões
O fato é que padeço por amar-te!
Culpada por sentir e emudecer
Calam-se todas as palavras sutis
Meus lábios roxos, violeta a morrer!
Tu não sabes ou finge não saber
Num desdém e gestos tão vis
Manto gris, e escrevo a giz o viver!
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LORDE BYRON
Lá atrás num tempo sem tempo,
Escondido da vida, num canto
Qualquer foi enterrado o
Sentimento.
Tão importante e marcante,
Porém em sua cova não existe
Nome, nem data.. indigente.
Desconhecido e ignorado,
Sem flores e poesia,
Passou desapercebido e jaz
Em uma lápide fria.
É avistado perambulando
Em noite escura,
Bebendo em uma taça feita de
Crânio os horrores da humanidade
Que o condenaram ao esquecimento.
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A MORTE
A morte bateu em minha porta.
Um dia cinzento, noite de amargura.
Um aroma enfadonho no ar.
Chamou-me com sua boca morta,
Voz fria , pálida criatura.
Certa de sua missão, estendeu-me
Suas mãos , adagas geladas .
Olhava-me com os olhos de trevas,
Levando-me as profundas.
Encerrar em uma lápide as minhas esperanças?
Deixe me despertar, não sou permanente,
Hei de ir, busca-me outro dia.
Mas não agora que a vida brota
Em meus poros como água salgada.
Deixa-me respirar o tempo que me restar,
vá embora, ainda não é chegada a hora.
Pois se assim fosse ,
não seria você
que num doce abraço por toda a eternidade
far-me-ia adormecer.
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