SILENTE DESPEDIDA
Murmurar silente, a chuva cai
Dos olhos rolam lágrimas
Adeus a um amor que se vai
Prostrada à porta, tarde pálida
Lividez de pele, tudo fere
Que se detenha a fria lua
Para não ofuscar a criatura
Em tanta apatia, interfere
Permita que ali permaneça
Deixe-a enterrar as dores
Na soleira por onde entrou amores
Que se cure ou adoeça
Com a cabeça á chuva, a lavar
A saudade que só faz maltratar!
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ADEUS SOLIDÃO!
Oh!Solidão tu teimas com estas injúrias
Tu és sorrateira, inimiga da alegria.
Matar-te-ei ao romper do dia!
E vagarás... Livrar-me-ei desta agonia.
Não sabes que posso dizimá-la?
Enterrá-la na mais funda vala?
Tenho agora um amor que me valha.
Cansei-me de tanto fazer as malas
Basta aos teus falsos eufemismos
Deste teu grande pessimismo
De suportar teus caprichos
De sangrar com tantos espinhos
Vês o sol está mais dourado
Sinto-me como um ser alado
Meus pés elevam-se do chão
Encontrei na vida verdadeira paixão!
Tenhas dignidade junte tua bagagem
Não esqueças o estojo de maquiagem
Para pintar em outros rostos
Tuas profundas marcas de desgosto
Deixa-me apenas um batom
Vermelho vivo é o tom
Beijos irão colorir minha boca
De hoje em diante meu nome é louca!
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DA SOLIDÃO
Solitude em ermo risote
Amargo estar em riste
Ferro que marca o mote
Da palavra, do ser, triste
Embuste eu diria
Temos uma á outra
Tu me fazes companhia
Somos amigas, via de regra
E me olhas assim surpresa
Blue stars nos rodeiam
Vê, não estamos presas
Podemos alcançar a sutileza
Loucos amores inda anseiam
Nas asas do beija-flor em proeza!
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TEU NOME É SAUDADES
Na vida tive o amor
E também as amizades
Hoje me restou à dor
Ficaram as saudades.
Saudades é palavra
Na pele gravada
Tatuagem que consagra
O nome da amada.
E amada serás sempre.
Passo o tempo a amar
Ela está tão distante
O querer não vai findar.
Vive a esperança
O querer não terá fim
Vou te encontrar criança
Tu és única para mim.
Tão puro é meu sentir
Sei que irei te encontrar
Tu não poderás fugir
A saudade hei de matar.
Vou confessar, sou poeta
A mulher a provocar
É lua pouco modesta
Aos meus pés não vai baixar!
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Se um dia...
Se um dia a chuva miudinha molhar teu rosto
E o desgosto dilacerar teu peito
Lembrai de um amor pela maldade deposto
Mau gosto, orgulho e preconceito
Mas se á tardinha no adeus do arrebol
Sentires remorso... Lágrimas a correr...
Pensai: Atrás das nuvens negras existe um sol
Só que nossa história não poderá reviver
Houve um tempo de luzes e fantasias
Afãs e néctares irrestritos, lascívia
Ora aprisionados no invólucro da utopia
Já não pia a doce cotovia...
Sem sol, sem chuva, tudo é letargia
Foi-se aquele tempo em eu te queria!
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PERDOA-ME POR TE AMAR...
Enfeitei a mesa com rosas e vinho
Pela casa a ecoar nossa melodia,
Imagino-te chegar num terno de linho.
Outra vez a brindar sozinha, tua taça vazia.
Confusa, bêbada de emoções e devaneios,
Impregnada, declarei morte à ilusão.
Imensuráveis foram meus anseios.
Tinto era o vinho, sangra o meu coração.
Perdoa-me por te amar...O quarto gira...
Teu rosto por todos os lados, louca visão.
Vejo-te sorrindo, acenando, alucinação.
O gesto é de adeus, finjo não notar.
Sei que irá para nunca mais voltar
E contigo levará toda a minha inspiração!
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POESIA INACABADA
Tantas vezes tentei... Amor meu, intocado
Persiste em meu viver a paixão, este fado
O orvalho brilha em meu olhar apaixonado
Sinto os odores das rosas rubras solidárias
Tão belas esperando o final deste calvário.
Por vezes rolei pela cama, perdi a calma
Inconfessáveis sentires trago na alma
Tantas vezes saí a perambular pelas ruas
Procurando a razão, porque não sou tua?
Tu és para mim a poesia inacabada,
Versos que nunca terão a rima perfeita,
Pois faltou tua presença, a inspiração
Faltou dar asas a este pobre coração
Uma canção de amor me entristece
As lágrimas rolam sem perceber,
Sem querer,
Por um querer sem futuro,
De um passado romântico,
Que lanço ao vento, lamento, tento
Em vão esquecer!
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PODES MENTIR!
Absorvi todos os aromas da primavera
Recolhi do jardim incontáveis flores
Fiz-te um buquê de lindas cores
Colhi lua e estrelas deste céu anil
E toda a exuberância da noite sutil
Do sol trouxe o calor, a paixão
E desta romântica mulher, o coração.
Receba os regalos que te ofereço
Diga que me quer, eu mereço
Podes mentir, porém hoje me dá tua atenção!
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Amor amigo
A mim tu vieste, coração dilacerado
Mãos ao rosto a encobrir cicatrizes
Desgosto por estar tão despreparado
Para enfrentar o amor e os deslizes
Infelizes caminhos, mentiras, traição
Tu buscavas desabafar tuas dores
E eu estrela solitária da constelação
Tão apagada, iluminei-me de cores
Por muito tempo sequei tuas lágrimas
Ajudei-te a acalmar-se das lástimas
Agora vens dizer que a ela voltarás?
E pergunto quem irá me consolar?
Sou eu quem vai chorar, estou a te amar
Amigo entenda, olha em meus olhos e verás!
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ENGANOS
Ora direis que entre contendas
Não vivo, tempo perdido, tal armistício
Vem o castigo do destino, entendas
Amor é sagrado e não suplício.
Prevaricações, estrada tortuosa
Deslizas sobre teus próprios enganos
O que faz de ti uma mentirosa
Iludi-me por alguns anos
Estás onde mereces, à sarjeta
Talvez consigas até sobras, gorjetas.
Mais nada apaga tua traição
Juro, para você não há piedade.
Ligeiro perderás a mocidade
A vida fácil será tua condenação!
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BALADA TRISTE
A chuva caindo...Balada triste.
Raio de sol foi-se para meu tormento.
Meu peito aperta, em pensares insiste
E longe estás, não ouve meus lamentos.
Restam os pingos fecundando a plantação.
Escorrem às veredas e acabam num grotão.
Estranha sensação de perda, o ecoar de tua voz.
Solidão atroz. Surda!
Findo o temporal, o céu clareia,
À minha volta o vergel em flor,
Ressuscitado com os olhos
Marejados a compartilhar da minha dor!
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ALÉM DAS VERDADES
Caminhei entre o breu, escuridão
Firme tuas mãos, noite de atrevimentos
Presos aos laços de doce encantamento
Misturamo-nos ao céu em amor e paixão
Esplendor, o véu da lua e a constelação
Esconderam a nudez dos pensamentos
Os sussurros espalharam-se ao vento
Foram além, no limiar da imaginação
Surpreendidos pela grandeza do mundo
Entregamo-nos aos sentires profundos
Em delírios, fantasias e todas as verdades
Nossas almas registraram-se na eternidade
Inda que hoje tenhamos apenas as saudades
Haveremos de nos encontrar mais tarde!
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Amo-te, porém... ...........................................................................................................................
Onde estão os madrigais? ........................................................................
ALQUEBRADA ..........................................................................
SENTIMENTOS ............................................................................................................................... |